sábado, 24 de novembro de 2007

TÉCNICAS DE RELAXAMENTO

Relaxamento Físico
Muito se tem escrito sobre a relaxação, do ponto de vista objectivo. Pode o misticismo lançar alguma luz sobre este assunto?
Possui o místico qualquer chave ou processos singulares para conseguir a relaxação?
A relaxação é um factor muito mais importante para a vida, do que, infelizmente, a maioria de nós imagina. Há muitas coisas que podem ser mais facilmente conseguidas, não pela actividade, mas, pela passividade, ou por meio da relaxação.
Sabemos que a actividade física requer dispêndio de energia. Esse dispêndio é regulado pela quantidade de energia requerida pelos nossos esforços. Por exemplo, quando erguemos uma das mãos até o rosto, este acto em si mesmo, requer muito pouco esforço, talvez, raramente dele tenhamos consciência.
Por outro lado, se devemos levantar um peso de setenta quilos, como um alter, acima da nossa cabeça e com um só braço, então, despendemos muito mais esforço. Toda a força que a vontade concentrar será dirigida pela mente, através dos nervos motores, para contrair os músculos devidos, permitindo-nos assim impelir esse peso para cima.
Sabemos que a contínua demanda de nossa energia nos exaure. Então, a natureza exige que um estado oposto seja estabelecido, de modo que possamos recuperar a energia despendida. Esse estado oposto é conhecido como repouso.
Então, que é exactamente o repouso, no que concerne ao organismo humano?
O repouso pode ser melhor descrito pela palavra relaxação, que, por sua vez, significa afrouxar, ou seja, libertar-se de tensão ou esforço.
Tomemos a analogia da tira de borracha, para compreendermos melhor este ponto. A posição normal de uma tira de borracha é aquela em que ela não está estirada. Quando ela se encontra nessa posição normal, potencialmente capaz de trabalho. Isto é, nela existe a possibilidade de se estender a fim de realizar alguma função que chamaríamos de trabalho.
A distensão constante da tira de borracha acaba reduzindo seu potencial para realizar qualquer trabalho. Em outras palavras, a borracha perde sua elasticidade. Entretanto, se relaxamos periodicamente a tensão dessa tira, ela se contrai gradativamente e, então, afrouxa-se, retornando à sua posição normal e, portanto, recuperando sua elasticidade, seu potencial para realizar novo trabalho.
Isto é também verdadeiro em relação ao nosso corpo e ao nosso cérebro, ou seja, às nossas funções físicas e mentais.
Somos constituídos de tal forma que precisamos nos entregar a estados passivos, para recuperarmos as forças expendidas. Infelizmente, a maioria das pessoas não sabe relaxar, ou, se tem alguma ideia de como fazê-lo, por várias razões não acha tempo suficiente para isto.
Quando gastamos energia em alto grau, tornamo-nos fatigados. Esta fadiga, ou antes, a sensação de fadiga, é causada por uma condição tóxica que se estabelece no sangue. A natureza lança no sangue um ácido tânico, podemos dizer uma espécie de veneno, que age como uma droga e impede que prossigamos com a nossa actividade, sob pena de causarmos grande prejuízo a nós mesmos.
Talvez, ao nos estirarmos numa cama confortável, ou sentarmos numa poltrona macia, acreditemos que estamos relaxando, mas, nem sempre é o bastante. Naturalmente, isto proporciona uma sensação momentânea de alívio, que frequentemente nos engana, porque presumimos que constitui uma relaxação perfeita, e certos músculos e nervos são realmente aliviados de tensão, porém, repetimos, isto nem sempre é suficiente, e é por esta razão que sobrevem o cansaço, quando retomamos nossas actividades.
A relaxação não implica necessariamente em que o estado passivo se prolongue por muito tempo. É mais importante que a relaxação seja de natureza correcta.
Quando somos impelidos a executar continuamente alguma tarefa, ou a realizar uma série de actividades pelo uso da vontade, estabelecemos uma lei em nossa mente subjectiva, no sentido de agir da maneira desejada. Criamos um impulso que não pode ser facilmente detido, mesmo que decidamos parar.
Portanto, quando paramos de facto, devido ao cansaço, essa lei continua em operação e ainda pode afectar certas partes do nosso organismo. A mente subjectiva pode continuar a enviar impulsos pelos nervos motores, para certos plexos dos músculos que estivemos usando, sob a forma de estímulo. Esses estímulos poderão não ser suficientemente fortes para nos compelir a continuar trabalhando contra a nossa vontade, porém, impedirão relaxação total, mesmo que tenhamos cessado as actividades.
Para produzir a necessária relaxação é preciso aplicar às regiões do corpo que estiverem sendo usadas em excesso, uma verdadeira massagem mental. Naturalmente, convém, em primeiro lugar, colocar os braços e as pernas na posição mais confortável possível.
Não devemos sentar de modo que possa provocar qualquer cãibra. É necessário uma postura correcta e a roupa não deve estar muito apertada. Deve-se evitar que coisa alguma nos mantenha sob tensão.
Em seguida, devemos dirigir a nossa consciência para a região em particular que estamos usando em excesso (os braços, as pernas, as costas, etc.) qualquer ponto em que estejamos conscientes de fadiga.
Devemos dirigir a nossa consciência para esse ponto de modo que estejamos sensíveis apenas a essa região em particular. Tudo deverá se passar como se unicamente essa parte do nosso Ser estivesse viva. Tudo o mais deverá parecer adormecido ou sem vida. Finalmente, se formos bem sucedidos em dirigir nossa consciência deste modo, sentiremos uma ligeira pulsação, ou um certo calor, nessa região. Estaremos então verdadeiramente estimulando as células daquela área, por dirigirmos para elas a nossa energia mental.
Ao sentirmos esse calor e essa pulsação, devemos fazer uma série de inalações profundas, para trazer o elemento positivo.
Devemos sustar a respiração por quanto tempo pudermos fazê-lo convenientemente e, depois, exalar lentamente. Deste modo, dirigimos a vitalizada consciência psíquica às áreas deficientes de energia.
Quando não mais pudermos aumentar esse calor, isto é, a consciência do calor na área que estiver sendo focalizada, deveremos parar de nos concentrar.
Quando o fizermos a sensação de calor e pulsação cessará gradativamente. Mas, aqui está o factor importante: com o cessar destas sensações, o desconforto, ou a fadiga, também cessará. Isto se deve ao fato de termos aliviado os nervos e os músculos dessa área dos estímulos subjectivos, dos persistentes impulsos decorrentes do hábito que havíamos estabelecido ao nos compelirmos ao trabalho.
Esta massagem mental, como podemos adequadamente chamá-la, consiste, na realidade, no uso de nossa consciência para regenerar o nosso organismo.

Relaxamento mental
A relaxação mental requer uma técnica um pouco diferente. Nunca poderemos estar totalmente relaxados se a mente permanecer activa, mesmo que nos tenhamos aliviado do esforço do trabalho físico. Se, enquanto estivermos deitados, ainda for despendida energia mental em pensamentos, sobre os problemas do dia, ou planos, ou mesmo, na simples percepção das coisas que estão ao nosso redor, então, persistirá uma tensão.
Por conseguinte, devemos tentar permanecer tão isentos de actividade mental quanto possível.
O libertarmos de súbito a nossa mente de toda actividade, de todas as impressões existentes em nossa consciência, é muito difícil, como todos nós sabemos, por já termos tentado. Quando tentamos parar de pensar, ou suspender os processos mentais subitamente, quando a mente está bastante activa, passa a ocorrer uma ideação caótica. As ideias continuam a passar pela nossa consciência, porém, não são dirigidas e, por isto, constituem uma confusão de pensamentos desordenados.
Por analogia, suponhamos que estamos dirigindo numa estrada e, de repente, decidimos soltar o volante. O fato de o fazermos não significaria que o carro pararia imediatamente de se deslocar. Ele continuaria a correr, porém, fora de controle. As mesmas condições ocorrem quando tentamos relaxar de súbito a mente.
A transição do estado mental activo para o passivo deve ser necessariamente gradativa. Isto se consegue focalizando melhor a consciência em uma única ideia, tal como alguma forma visual simples. Por exemplo, podemos tentar pensar em um símbolo geométrico simples, como uma cruz, um triângulo, um quadrado ou um círculo. Devemos deixar que os outros pensamentos desapareçam da nossa mente. Devemos visualizar a imagem do círculo, por exemplo. Ele poderá ter um diâmetro pequeno, não ultrapassando alguns centímetros. Devemos nos forçar a criar uma imagem mental desse círculo. Se necessário, podemos primeiro traçar na tela da consciência uma metade do círculo e, depois, a outra metade. Se continuarmos a manter essa imagem na mente, nela focalizando exclusivamente a consciência, então a imagem acabará por se tornar monótona, porque a consciência é um estado activo.
Verificaremos que será necessário usar, cada vez mais, a força de vontade para reter a imagem do círculo na mente. Esta lutará para escapar à restrição desta única imagem. Por fim, a vontade será derrotada. Não perderemos a consciência, mas, verificaremos que seremos incapazes de continuar a sustentar o pensamento, ou antes, de continuar a visualizar o círculo. Quando essa imagem desaparecer de nossa consciência, não será substituída por qualquer outro pensamento. Estaremos quase completamente em um estado subjectivo. Sentiremos, então, muita tontura, e é recomendável que nos deixemos adormecer, mesmo que apenas por alguns instantes.
Esta relaxação é de grande benefício para o Eu psíquico. O período deste sono, quando tivermos realmente disciplinado nossa mente objectiva, é uma ocasião excelente para a harmonização. Estamos livres de quaisquer impressões objectivas dominantes, de modo que as mais subtis vibrações do Eu subjectivo, interior, podem se tornar manifestas. Ao acordarmos, talvez tenhamos consciência de impressões psíquicas que sentimos (de certas experiências).Nossa mente poderá estar estimulada com ideias criadoras e, de modo geral, sentir-nos-emos bastante revigorados, mental e fisicamente.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito obrigada!!!

Lights One

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