segunda-feira, 12 de junho de 2023

 AMOR COMPAIXÃO

Só quero fazer o bem

E, que não me impeça ninguém

Só quero fazer o bem

Não importa a quem

E, que não me impeça ninguém

Amanhã  ao despertar

Bem depressa me levanto

Para auxiliar quem tanto precisa

Para socorrer os necessitados, 

Carentes de amor e de afagos

Amar, afagar

Fazer o bem.

Arregaçar as mangas da camisa e agir

Porque na ação está a melhor opção.

E como só quero ajudar

Só quero fazer o bem, não importando a quem

Vou me colocando à disposição.

E, com certeza, oportunidades não faltarão

A tarefa logo vem.

Quando o desejo é forte

A natureza agradece

E a alma floresce

Quando alguém aparece.

Muitas pessoas precisam de mãos que afagam,  que acalentam.

Então, o trabalho de servir começa,

E a vida agradece,

Tudo se transforma

E, o amor acontece.

A luz brilha

O planeta muda.

As pessoas crescem. 

Então amanhece

E o novo dia acontece.  Resplandece

Enaltecendo  o ser humano.

O novo homem surge no horizonte

Ainda um pouco distante, mas vem

Vem vestido de sol cintilante

Muito mais brilhante

Que uma lua cheia.

Agora percebeu.  

Aprendeu que fazer o bem

Sem nem mesmo olhar a quem

É inebriante. Divino. 

É a manifestação na terra

Das obras do criador,

Que abençoa todos os seres

Que vieram para amar sem condições. 

Vera Occhiucci -  janeiro 2023


 

Inocência

 

No escurinho do cinema....

Lembranças antigas

Saudades de um tempo

Memórias insistem em voltar

Poesia....romance....

Pura magia.

Domingo era dia de cinema

Encontros e desencontros

Emoções disfarçadas

Um olhar, um aperto de mão

Rubor e coração batendo forte

Olhos semicerrados

Com medo de acordar

O lanterninha, não descansava

Subia e descia a rampa

Nos intimidava

Como se estivéssemos fazendo algo de muito grave

Mas, mesmo assim, arriscávamos dar uma beijoca rápida

Quanta audácia, e quanta inocência

O rubor nos cobria as faces

Será que alguém viu?

Mea culpa, minha máxima culpa

Juventude inocente

Andávamos em turma, com irmãs “segurando vela”

Muita gozação...

Era demais...

Quanta cumplicidade

Namoro a três ou mais....

Nenhuma intimidade.

Ficávamos pior que estragado

Tudo era motivo de gozação...

Mas, confesso, era muito bom.

 

Vera Occhiucci – outubro 2022

 

NEGRITUDE

 

Buraco negro, buraco sem fim

Necessidades não saciadas

Que perturbam, e avassalam

Sai de baixo

Porque senão ele te engole

Traça e ensaca

E como uma onda

Sonda, arrasta e mata

Aquele que está desprevenido

Buraco negro

Buraco sem fim

Pessoa desprovida de energia vital

Sugada,

Desequilibrada no seu emocional, também no mental.

 sugam, vampirizam a nossa energia

Tanto dos encarnados quanto a dos desencarnados.

Sugam mesmo

Tudo e a todos que encontram no caminho

Viciados...sofredores...

Melancólicos...vitimizados...

Que se cuidem os espertos

Que se protejam os santos

E, que sejam benzidos com ramos de arruda

E com rezas das rezadeiras

Que sejam livres os bebês

Os puros de coração, e os simplórios da vida

Porque o buraco negro rouba, vampiriza nossas energias

Sobrevivem, vivem da nossa ignorância

Que a corrente do bem nos envolva e nos proteja com seus raios violeta

Interpenetrando o campo áurico, limpando, expulsando

Preenchendo com amor

Todos à nossa volta

Rodopia... Luz azul...

Rodopia, luz violeta...

Perfuma com aromas silvestres

Muda as vibrações negativas

 nos defenda, recupere, cure

Aprenda no mar, nas matas, nas cachoeiras

Sobre energização

Leia bons livros, converse com as plantas, com os pássaros

Converse com pessoas sensatas e equilibradas

Boas conversas, boas músicas

Emita luz.  Receba luz. Seja o sol da vida das pessoas

Rei. Rainha, no seu lar

Na família, na comunidade.

Vá ser feliz enquanto pode

Exalte a luz do eu sou

Deixa que transpareça o diamante lapidado

Esmerilhado ao longo das encarnações

Agora é jóia preciosa

Lótus de mil pétalas no reino celestial

Já desabrochou no alto da sua cabeça

 o arco-íris.  A auréola dos santos

Para sempre. Agora és o hierofante.

‘om mane padme hum!”

 

Vera Occhiucci     -    janeiro 2023

 

 

O MEU OLHAR NO TEU OLHAR

 

Quando olho pra você

Adivinho a sua idade.

Sinto nos ombros o peso e a tristeza da sua caminhada.

Dificilmente o vejo sorrindo

Sempre pensativo e perdido nas lembranças

De um passado.

Sofrido? Machucado? Cansado?

Vejo que mal quer abrir os olhos

Está perdido em pensamentos tumultuados

Tantas lembranças!

Vejo apenas sofrimento e falta de tesão para viver

Pernas cansadas que se arrastam pesadamente

Nem sabem para onde

Caminha, tropeça...

Sempre nas mesmas lembranças de vidas e de mortes.

Fragilizado, chora por dentro amargamente

Quer compreender, mas não consegue

Quer encontrar soluções, mas não tem soluções.

A vida, é enigma que não se consegue decifrar

Observo os tantos sonhos... Os tropeços esquecidos no tempo

Como seria bom vê-lo sorrindo, mais leve, descontraido.

Saiba que a vida não é fardo pesado para ninguém

Que não precisa carregá-la sobre os ombros.

A vida é feita de experiências vívidas,

Sentidas ou não nas ações de cada dia,

Nem que seja somente na imaginação.

Mas, quando olho prá voce

Vejo ali cem anos

Nesses seus olhos opacos, sem brilho e quase já sem vida.

O que lhe falta?

Objetivos? Sonhos?

Não existe mais esperança?

Só consigo ver ali conflitos e medos.

E, quando olho prá você,

Não consigo penetrá-lo com meu olhar

Existe uma barreira imensa.

Muitos pensamentos. Muitos argumentos.

Tantas interrogações...

E, quando falo, nem me escuta, pois já está pensando no que vai responder.

Está na ponta da língua. Sai como bala de revólver.

Quando olho prá você durante as refeições

Percebo um homem de negócios

Aquele que mal tem tempo de saborear o que come.

Sempre na conversa, nas questões urgentes da imprensa.

Prá você, são assuntos urgentes, que não podem esperar.

O tempo voa e a vida passa tão depressa.

E, ainda olho prá você

Mas com saudades....

De um amor ardente e apaixonado.

Ainda hoje, um tanto descrente,

Busco você no antigamente.

Continuamos valsando por entre as estrelas...

Saudades.... Carência....

De beijos, dos nossos corpos unidos,

Das energias comungando, e completando-se alquimicamente.

Dançávamos, mesmo ao soprar das turbulências.

Pegávamos fogo e nos queimávamos no rítmo das paixões.

Que pena!

Passou tão depressa.

Acho que é hora de acordar.

Mas, ainda assim, quando olho nos seus olhos,

Vejo a falta que você me faz.

Falta do amor... Falta do tesão... Enfim... Falta de tudo.

Parece mesmo que a vida passou depressa demais.

 

Vera Occhiucci  -  agosto 2022

 

OUTRAS VIDAS e OUTRAS REALIDADES

 

Estou bem aqui... Estou no meu corpo físico...

Uma performance, mas também um templo finito, temporário e fugaz.

Mas também estou no Cosmos, completamente expandido, diluído, em pura consciência.

Um invólucro mais sutil, leve, expandindo à procura de outros “eus”, de outras identidades, de outras experiências.

Me perco num tempo, me absorvem imagens de vidas passadas.

Amplio um quadro, aparece um deserto, estou observando as suas areias brancas. Grande solidão, no centro da visão um cavalo caído esmagando um homem.

Um triste quadro de alguém que deixou um corpo ali à mercê da decomposição, tendo por testemunha o céu e o seu amigo de aventuras.

Amplio o olhar, a minha alma livre das amarras do peso da matéria agora observa uma pequena jovem vestida de azul, avental e touca brancas, e que, em meio a uma multidão, caminha em direção à fogueira. Parece ser na França, período da Inquisição.

Entregue aos loucos, aos desvairados, num grande circo de sombras, queimo na fogueira. “Que frio...” “Que frio...”, era o que sentia enquanto queimava viva sob os olhares aterrorizados, esganiçados de pessoas à espreita de emoções. Um show, criaturas sombrias num circo para dementes.

Deixo aquele corpo, uma consciência em forma de uma bola de luz logo acima da cabeça.

Noite escura da alma. Tenebrosa, com homens à espreita de mais um show realizado em nome de Deus.

Blasfêmia!!!!

Acabou. E, mais uma vez, retorno à casa verdadeira, numa dimensão de puro amor.

Porém, por necessidade, ainda uma vez retorno à carne.

Parece Jerusalém, sou uma jovem simples e ingênua, vestida com roupas de algodão cru, cabelos trançados até à cintura.

Parece ser um grande acontecimento, Pessoas correm pela rua estreita, alvoroçadas, perseguidas por romanos, e lá estou eu também. Desespero, salve-se quem puder, acabaram de crucificar o nosso Mestre. E agora? Sinto que uma lança me atingiu do lado direito do corpo. Apaguei.

Um novo amanhecer no planeta Terra. Vou agora desencarnar amarrado a uma cruz. Um jovem de cabelos escuros caídos até aos ombros, cheio de ódio e amargurado. Soltei o corpo físico cheio de ódio e gritando por vingança quando senti o meu ombro esquerdo deslocando-se do resto do corpo, e uma vontade grande de urinar.

Foi assim que parti novamente para a Pátria espiritual, e depois de um bom tempo volto a encarnar. Parece que aquela agressividade me mandou para um país distante, a Rússia dos czares, mas agora, no momento da Grande Guerra. Sou Yuri, muito jovem e imaturo, estou na trincheira junto com um amigo, quando uma granada nos atingiu em cheio. Tudo desaparece, não há mais nenhum referencial, explodidos como balões, voamos pelos ares. Silêncio absoluto. Nada restou, além de um grande vazio.

Muitas lágrimas na recordação, uma percepção de como a vida nesse planeta se acaba num piscar de olhos...

Decepção... sem lenço e sem documento... lá vou eu de novo.

Quanta insistência...

Atualmente me encontro resgatando algumas coisas, e tentando entender os mistérios da vida, reformulando crenças limitantes, obsoletas, numa árdua jornada de autoconhecimento à procura da minha verdade, pois diz o ditado, que só a verdade nos libertará.

Então, quem sou, o que sou, como faço parte deste mecanismo gigantesco que é o Cosmos, maior do que alcança minha vã filosofia, tento ir além dos véus do esquecimento, compreendendo que existe muito mais.

E como está escrito na Grande Esfinge Egípcia, “Decifra-me ou te devoro”.

Vera Occhiucci Julho 2022

 

SONHOS OU PESADELOS?

 

Perdi o sono

Ou o sono me perdeu?

Onde devo procurá-lo?

Será que no lugar onde judas perdeu suas botas?

É muito longe?

Não sei, talvez pra lá de Bagdá.

Será que encontro?

Será que vale à pena procurar?

Mas, com sono ou sem sono, o melhor mesmo é caminhar

Quem sabe, ainda o encontro.

Cedo ou tarde, ele aparece

E então, sei que vai estar na hora de acordar.

Mas, e agora?

Agora já vai tarde

Vou ficar na cama mais um pouco

Tentar recuperar o sono perdido.

Pensei que descansava,

Mas acordo mais cansada

Sonhos...sonhos...

Será que foram sonhos, ou pesadelos?

Sei lá...

Só sei que agora quero lembrar

Quero interpretar

Quero analisar,

Mas, primeiro, preciso recordar

Se foi sonho bom ou sonho ruim

Percebo que este lado inconsciente não descansa

Faz de tudo para trazer cá fora

Conteúdos estranhos, impressões diárias

Ou julgamento final?

Parece que faz a separação do joio e do trigo

Estou colhendo o que plantei

 as ações e reações de longo tempo

Começam a germinar, e parece que a colheita é certa

Sinto que a semente caiu no terreno preparado e fértil.

Logo veremos.

Sonhos ou pesadelos!!

Percebo que quando sonho acordada, vou criando a minha realidade como quero

Posso usar de criatividade e visualização para obter realidades

Desejo e vontade gerando energia e movimento

São suficientes para plasmar ideias

Para materializá-las através de ações

Nesta realidade

Sonho ou pesadelo?

Depende

Prefere sonhar acordado, ou ter pesadelos dormindo?

Quem é você?

Uma máquina ou um robô?

Um ser humano consciente?

Levamos a vida, ou a vida nos leva?

Nadamos a favor ou contra a corrente?

Deslizamos ou nos debatemos nas águas das paixões?

Interessante!

 

Vera Occhiucci  -  janeiro 2023

 

 

Os Operários

 

 

A abelha fazendo mel

A senhora amassando o pão

Trabalha. Trabalha.

O mundo gira, a formiga corta folhas

O beija-flor beija as flores,

Poliniza e cumpre o seu papel na criação

Trabalha. Trabalha.

A borboleta enfeita o céu, depois da grande transformação.

A mariposa procura por luz,

A ostra produz pérola, depois de tanto se espremer e sofrer,

O homem prepara a terra para produzir alimentos.

Trabalha. Trabalha.

Expande e contrai.

Dorme, acorda e vai.

Ela arruma a cama, varre o chão, recolhe o lixo da geração.

Comanda o dia, e demanda a ação,

Vai para a cozinha, prepara as panelas e cozinha a ração do dia.

Trabalha. Trabalha.

O mundo não para, e não é permitido descer.

Cansada? Descansa.

Cochila e cai de lado.

Encontra o céu, mas divaga desdobrada na terra.

Balança nas ondas

E vai.... e vai....

Acorda cansada da peleia da noite.

Levanta, trabalha,

 

 

Que o mundo não para.

A roupa está suja, precisa de ser lavada,

E, enquanto esfrega, desabafa nas mãos calejadas,

As dores da alma.

E o cansaço nas articulações doridas,

e a tristeza no coração.

Lágrimas escorrem,

As águas que enxaguam a sujeira das roupas misturadas com o seu suor,

Escoam pelos ralos

Descem pelos esgotos

Correm para os ribeiros, e desaguam no mar.

E, enquanto trabalha, porque o mundo não para,

As cigarras cantam e o mundo encantam.

As dores nas juntas

O cansaço da vida

No corpo estala, a coluna desvia,

Enquanto o peso se acumula no lombo da “besta”,

carrega o fardo da humanidade vazia

Carente de sonhos

Cansada da vida

Com medo da morte

Procurando encontrar, se tiver sorte

O Deus invisível, onipotente e onisciente

Que possa salvá-la desse tormento

Das portas do purgatório

Arrebatá-la desse lugar escuro

E, enquanto espera...

 

Trabalha. Trabalha.

Não pense...não chore...

Esfrega aquela roupa

Manchada de nódoas de sangue

Enxágua, torce, retorce

Carrega, pendura,

O varal está cheio, mas a cabeça está vazia.

A barriga ronca. A garganta está seca,

O corpo transpira e o suor escorre,

Pelas faces, e pelo corpo todo

Chora, lamenta,

E deseja ardentemente que as horas passem.

O corpo cansado pede repouso.

Por um tempo, por uns dias,

Por um cochilo, um sono, um sonho.

Trabalha. Trabalha.

E enquanto descansa, trabalha

Cochila, descansa, trabalha,

Porque você sabe, o mundo não para,

Porque não existe comboio

E porque não pode descer

Nem tem onde descer.

 

Vera occhiucci

Agosto de 2022