segunda-feira, 12 de junho de 2023

 

OUTRAS VIDAS e OUTRAS REALIDADES

 

Estou bem aqui... Estou no meu corpo físico...

Uma performance, mas também um templo finito, temporário e fugaz.

Mas também estou no Cosmos, completamente expandido, diluído, em pura consciência.

Um invólucro mais sutil, leve, expandindo à procura de outros “eus”, de outras identidades, de outras experiências.

Me perco num tempo, me absorvem imagens de vidas passadas.

Amplio um quadro, aparece um deserto, estou observando as suas areias brancas. Grande solidão, no centro da visão um cavalo caído esmagando um homem.

Um triste quadro de alguém que deixou um corpo ali à mercê da decomposição, tendo por testemunha o céu e o seu amigo de aventuras.

Amplio o olhar, a minha alma livre das amarras do peso da matéria agora observa uma pequena jovem vestida de azul, avental e touca brancas, e que, em meio a uma multidão, caminha em direção à fogueira. Parece ser na França, período da Inquisição.

Entregue aos loucos, aos desvairados, num grande circo de sombras, queimo na fogueira. “Que frio...” “Que frio...”, era o que sentia enquanto queimava viva sob os olhares aterrorizados, esganiçados de pessoas à espreita de emoções. Um show, criaturas sombrias num circo para dementes.

Deixo aquele corpo, uma consciência em forma de uma bola de luz logo acima da cabeça.

Noite escura da alma. Tenebrosa, com homens à espreita de mais um show realizado em nome de Deus.

Blasfêmia!!!!

Acabou. E, mais uma vez, retorno à casa verdadeira, numa dimensão de puro amor.

Porém, por necessidade, ainda uma vez retorno à carne.

Parece Jerusalém, sou uma jovem simples e ingênua, vestida com roupas de algodão cru, cabelos trançados até à cintura.

Parece ser um grande acontecimento, Pessoas correm pela rua estreita, alvoroçadas, perseguidas por romanos, e lá estou eu também. Desespero, salve-se quem puder, acabaram de crucificar o nosso Mestre. E agora? Sinto que uma lança me atingiu do lado direito do corpo. Apaguei.

Um novo amanhecer no planeta Terra. Vou agora desencarnar amarrado a uma cruz. Um jovem de cabelos escuros caídos até aos ombros, cheio de ódio e amargurado. Soltei o corpo físico cheio de ódio e gritando por vingança quando senti o meu ombro esquerdo deslocando-se do resto do corpo, e uma vontade grande de urinar.

Foi assim que parti novamente para a Pátria espiritual, e depois de um bom tempo volto a encarnar. Parece que aquela agressividade me mandou para um país distante, a Rússia dos czares, mas agora, no momento da Grande Guerra. Sou Yuri, muito jovem e imaturo, estou na trincheira junto com um amigo, quando uma granada nos atingiu em cheio. Tudo desaparece, não há mais nenhum referencial, explodidos como balões, voamos pelos ares. Silêncio absoluto. Nada restou, além de um grande vazio.

Muitas lágrimas na recordação, uma percepção de como a vida nesse planeta se acaba num piscar de olhos...

Decepção... sem lenço e sem documento... lá vou eu de novo.

Quanta insistência...

Atualmente me encontro resgatando algumas coisas, e tentando entender os mistérios da vida, reformulando crenças limitantes, obsoletas, numa árdua jornada de autoconhecimento à procura da minha verdade, pois diz o ditado, que só a verdade nos libertará.

Então, quem sou, o que sou, como faço parte deste mecanismo gigantesco que é o Cosmos, maior do que alcança minha vã filosofia, tento ir além dos véus do esquecimento, compreendendo que existe muito mais.

E como está escrito na Grande Esfinge Egípcia, “Decifra-me ou te devoro”.

Vera Occhiucci Julho 2022

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