segunda-feira, 12 de junho de 2023

 

O MEU OLHAR NO TEU OLHAR

 

Quando olho pra você

Adivinho a sua idade.

Sinto nos ombros o peso e a tristeza da sua caminhada.

Dificilmente o vejo sorrindo

Sempre pensativo e perdido nas lembranças

De um passado.

Sofrido? Machucado? Cansado?

Vejo que mal quer abrir os olhos

Está perdido em pensamentos tumultuados

Tantas lembranças!

Vejo apenas sofrimento e falta de tesão para viver

Pernas cansadas que se arrastam pesadamente

Nem sabem para onde

Caminha, tropeça...

Sempre nas mesmas lembranças de vidas e de mortes.

Fragilizado, chora por dentro amargamente

Quer compreender, mas não consegue

Quer encontrar soluções, mas não tem soluções.

A vida, é enigma que não se consegue decifrar

Observo os tantos sonhos... Os tropeços esquecidos no tempo

Como seria bom vê-lo sorrindo, mais leve, descontraido.

Saiba que a vida não é fardo pesado para ninguém

Que não precisa carregá-la sobre os ombros.

A vida é feita de experiências vívidas,

Sentidas ou não nas ações de cada dia,

Nem que seja somente na imaginação.

Mas, quando olho prá voce

Vejo ali cem anos

Nesses seus olhos opacos, sem brilho e quase já sem vida.

O que lhe falta?

Objetivos? Sonhos?

Não existe mais esperança?

Só consigo ver ali conflitos e medos.

E, quando olho prá você,

Não consigo penetrá-lo com meu olhar

Existe uma barreira imensa.

Muitos pensamentos. Muitos argumentos.

Tantas interrogações...

E, quando falo, nem me escuta, pois já está pensando no que vai responder.

Está na ponta da língua. Sai como bala de revólver.

Quando olho prá você durante as refeições

Percebo um homem de negócios

Aquele que mal tem tempo de saborear o que come.

Sempre na conversa, nas questões urgentes da imprensa.

Prá você, são assuntos urgentes, que não podem esperar.

O tempo voa e a vida passa tão depressa.

E, ainda olho prá você

Mas com saudades....

De um amor ardente e apaixonado.

Ainda hoje, um tanto descrente,

Busco você no antigamente.

Continuamos valsando por entre as estrelas...

Saudades.... Carência....

De beijos, dos nossos corpos unidos,

Das energias comungando, e completando-se alquimicamente.

Dançávamos, mesmo ao soprar das turbulências.

Pegávamos fogo e nos queimávamos no rítmo das paixões.

Que pena!

Passou tão depressa.

Acho que é hora de acordar.

Mas, ainda assim, quando olho nos seus olhos,

Vejo a falta que você me faz.

Falta do amor... Falta do tesão... Enfim... Falta de tudo.

Parece mesmo que a vida passou depressa demais.

 

Vera Occhiucci  -  agosto 2022

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