O MEU OLHAR NO TEU OLHAR
Quando olho pra você
Adivinho a sua idade.
Sinto nos ombros o peso e a tristeza da
sua caminhada.
Dificilmente o vejo sorrindo
Sempre pensativo e perdido nas
lembranças
De um passado.
Sofrido? Machucado? Cansado?
Vejo que mal quer abrir os olhos
Está perdido em pensamentos tumultuados
Tantas lembranças!
Vejo apenas sofrimento e falta de tesão
para viver
Pernas cansadas que se arrastam
pesadamente
Nem sabem para onde
Caminha, tropeça...
Sempre nas mesmas lembranças de vidas e
de mortes.
Fragilizado, chora por dentro
amargamente
Quer compreender, mas não consegue
Quer encontrar soluções, mas não tem
soluções.
A vida, é enigma que não se consegue
decifrar
Observo os tantos sonhos... Os tropeços
esquecidos no tempo
Como seria bom vê-lo sorrindo, mais
leve, descontraido.
Saiba que a vida não é fardo pesado para
ninguém
Que não precisa carregá-la sobre os
ombros.
A vida é feita de experiências vívidas,
Sentidas ou não nas ações de cada dia,
Nem que seja somente na imaginação.
Mas, quando olho prá voce
Vejo ali cem anos
Nesses seus olhos opacos, sem brilho e
quase já sem vida.
O que lhe falta?
Objetivos? Sonhos?
Não existe mais esperança?
Só consigo ver ali conflitos e medos.
E, quando olho prá você,
Não consigo penetrá-lo com meu olhar
Existe uma barreira imensa.
Muitos pensamentos. Muitos argumentos.
Tantas interrogações...
E, quando falo, nem me escuta, pois já
está pensando no que vai responder.
Está na ponta da língua. Sai como bala
de revólver.
Quando olho prá você durante as
refeições
Percebo um homem de negócios
Aquele que mal tem tempo de saborear o
que come.
Sempre na conversa, nas questões
urgentes da imprensa.
Prá você, são assuntos urgentes, que não
podem esperar.
O tempo voa e a vida passa tão depressa.
E, ainda olho prá você
Mas com saudades....
De um amor ardente e apaixonado.
Ainda hoje, um tanto descrente,
Busco você no antigamente.
Continuamos valsando por entre as
estrelas...
Saudades.... Carência....
De beijos, dos nossos corpos unidos,
Das energias comungando, e
completando-se alquimicamente.
Dançávamos, mesmo ao soprar das
turbulências.
Pegávamos fogo e nos queimávamos no
rítmo das paixões.
Que pena!
Passou tão depressa.
Acho que é hora de acordar.
Mas, ainda assim, quando olho nos seus
olhos,
Vejo a falta que você me faz.
Falta do amor... Falta do tesão...
Enfim... Falta de tudo.
Parece mesmo que a vida passou depressa
demais.
Vera Occhiucci -
agosto 2022
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