Os Operários
A abelha fazendo mel
A senhora amassando o
pão
Trabalha. Trabalha.
O mundo gira, a formiga
corta folhas
O beija-flor beija as
flores,
Poliniza e cumpre o seu
papel na criação
Trabalha. Trabalha.
A borboleta enfeita o
céu, depois da grande transformação.
A mariposa procura por
luz,
A ostra produz pérola,
depois de tanto se espremer e sofrer,
O homem prepara a terra
para produzir alimentos.
Trabalha. Trabalha.
Expande e contrai.
Dorme, acorda e vai.
Ela arruma a cama,
varre o chão, recolhe o lixo da geração.
Comanda o dia, e
demanda a ação,
Vai para a cozinha,
prepara as panelas e cozinha a ração do dia.
Trabalha. Trabalha.
O mundo não para, e não
é permitido descer.
Cansada? Descansa.
Cochila e cai de lado.
Encontra o céu, mas
divaga desdobrada na terra.
Balança nas ondas
E vai.... e vai....
Acorda cansada da
peleia da noite.
Levanta, trabalha,
Que o mundo não para.
A roupa está suja,
precisa de ser lavada,
E, enquanto esfrega,
desabafa nas mãos calejadas,
As dores da alma.
E o cansaço nas
articulações doridas,
e a tristeza no
coração.
Lágrimas escorrem,
As águas que enxaguam a
sujeira das roupas misturadas com o seu suor,
Escoam pelos ralos
Descem pelos esgotos
Correm para os ribeiros,
e desaguam no mar.
E, enquanto trabalha,
porque o mundo não para,
As cigarras cantam e o
mundo encantam.
As dores nas juntas
O cansaço da vida
No corpo estala, a
coluna desvia,
Enquanto o peso se
acumula no lombo da “besta”,
carrega o fardo da
humanidade vazia
Carente de sonhos
Cansada da vida
Com medo da morte
Procurando encontrar,
se tiver sorte
O Deus invisível,
onipotente e onisciente
Que possa salvá-la
desse tormento
Das portas do
purgatório
Arrebatá-la desse lugar
escuro
E, enquanto espera...
Trabalha. Trabalha.
Não pense...não
chore...
Esfrega aquela roupa
Manchada de nódoas de
sangue
Enxágua, torce, retorce
Carrega, pendura,
O varal está cheio, mas
a cabeça está vazia.
A barriga ronca. A
garganta está seca,
O corpo transpira e o
suor escorre,
Pelas faces, e pelo corpo
todo
Chora, lamenta,
E deseja ardentemente
que as horas passem.
O corpo cansado pede
repouso.
Por um tempo, por uns
dias,
Por um cochilo, um
sono, um sonho.
Trabalha. Trabalha.
E enquanto descansa,
trabalha
Cochila, descansa,
trabalha,
Porque você sabe, o
mundo não para,
Porque não existe
comboio
E porque não pode descer
Nem tem onde descer.
Vera occhiucci
Agosto de 2022
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