quarta-feira, 7 de março de 2012

GROUNDING E CORPORALIDADE



GROUNDING E CORPORALIDADE


            Como esta pessoa está enraizada?
            Qual é a sua relação com a terra?
            Qual é a qualidade dessa conexão?
            Quanta energia essa pessoa apresenta estando em pé?
            Ela está inerte ou vibrante?
            Porque não quer enraizar-se mais?

            O enraizamento cresce a partir do nascer, cresceu por se vir ao mundo com um corpo. Plantamos a nós mesmos no mundo. O nosso funcionamento natural gera raízes de um lado e folhas e galhos  (relações sociais) do outro.
            Qualquer um ao observar uma criança andando, pode perceber se ela é segura ou insegura. Exactamente como a árvore interage com a terra, enraizando-se por meio de suas raízes, a criança interage com seus pais e envia para baixo suas próprias raízes chamadas de pernas. Se o solo é pobre ou o clima áspero, o enraizamento pode ser pobre ou muito duro (rijo).
            Os vendavais desenraízam as árvores e as tempestades emocionais desenraízam os homens e as mulheres. A capacidade de conexão com a nossa base biológica permite a circulação da vitalidade, fazendo surgir o amor e o crescimento. A separação da nossa base biológica resulta em medo, raiva, angústia e até morte.
            Grounding estabelece a circulação do nosso fluxo vital, da nossa corrente sanguínea. Organiza um ritmo de fluxo e refluxo e uma ressonância vibrante com o nosso ambiente.
            Embora os vendavais emocionais possam nos desenraizar, enfraquecendo-nos o corpo e a personalidade, eles podem igualmente servir para nos aprofundar, nos tornar mais vívidos, mais intensamente nós mesmos. Ser enraizado é estabelecer uma relação com a terra. Ser corporificado é criar um corpo vivo ( não apenas estar com o corpo, mas criar as suas relações).
            Para nascer é preciso ter um corpo. Para morrer é preciso abrir mão desse corpo. Certas pessoas, por causa das condições muito adversas do começo de suas vidas, foram capazes de se formar apenas parcialmente. Nos primeiros anos, era doloroso demais para elas habitar plenamente a sua carne; então decidiram não se corporificar plenamente. Elas se formaram de um modo diminuído, e embora possam ser adultas agora, as reconhecemos como sendo bebés.
            Aqueles que temem os seus impulsos, se trancam no mundo das ideias. Formamos um self corporal a partir dos nossos prazeres e satisfações, das nossas dores e mágoas.
            Dizer não é fazer uma afirmação de protesto e auto-afirmação, que intensifica os próprios processos excitatórios e vivifica o sentido de “eu”. Se nunca digo não, nunca me afirmarei. Se não exerço a habilidade de formar e manter limites, serei sempre uma vítima. Muita gente tem problemas em dizer não e fazer valer a sua posição. Ou então diz não tão rigidamente que depois é incapaz de permitir que o sim, movimento pulsátil de reconexão, aconteça.
            Em muitos casos, uma contracção é a expressão mais forte de auto-afirmação que uma criança pode fazer. Uma criança diz não para se proteger e afirmar. E se isto não for respeitado, sabe o que acontece? O que teremos é um não corpo que não consegue suportar os processos excitatórios que formam a independência. E portanto, nunca será ela mesma, a menos que se disponha a cortar com as origens (mãe, cultura, grupo de colegas). Poderá até ter que formar uma contracção.
 A contracção, o não que inibe a expansão, ao mesmo tempo a afirma. Mas, pode se tornar tão firmemente enraizada que ficamos  retesadas e não nos abrimos  nunca, e será preciso que alguém nos ajude a confiar de novo, a  soltar, a descontrair, a dizer não de uma maneira diferente. Uma contracção não precisa de ser uma cãibra muscular crónica. Pode ser um conjunto temporário de decisões pessoais.
            O processo formativo requer que estabeleçamos limites e formemos a nós mesmos e, depois, suavizemos esses limites e formemos ou reformemos a nós mesmos.


VIBRAÇÃO, PULSAÇÃO E CORRENTES


            A nossa individualidade é o nosso ritmo pessoal de pulsar. Essas pulsações determinam o modo como nos percebemos e ao nosso mundo, como criamos nossos valores, nossas necessidades e escolhas. Uma criatura com tecidos sem muita motilidade e vibração se sentirá mais fraca do que o mundo e esperará, portanto, que o mundo ora a ataque e ora a proteja. Uma pessoa que demonstra uma grande quantidade de vibrações se sentirá ora desafiando o mundo, ora em harmonia com ele, mas nunca se sentirá submissa. Identidade rígida não é individualidade. Para afirmar essa individualidade, temos de abrir mão de procurar papéis e atitudes estáticas, e em vez disso buscar  conexão com nossos próprios ritmos pulsáteis. Ser um indivíduo é antes de tudo, imprimir no mundo a variedade de nossas expressões do que meramente imitar a expressão de outra pessoa. Pulsações e correntes são descontínuas, mas o processo é sempre contínuo. Viver essa descontinuidade pulsatória destrói estereótipos, exige que abramos mão do velho e criemos novos espaços, novas formas e novas conexões. Negar essa descontinuidade é uma tentativa de estabelecer segurança, posses permanentes e uma estrutura social rígida. Se há interferência nas minhas correntes de energia, na minha liberdade, reajo violentamente. Utilizo de violência comigo, com você e com o meu ambiente. Contorço-me ou me amorteço numa espécie de sono, além de restringir os meus contactos sociais. Arranjo satisfações compensatórias, preencho os ideais de outras pessoas e busco objectivos sociais.

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