sábado, 19 de agosto de 2023

 

MEDITAÇÃO DO EQUINÓCIO DE PRIMAVERA

 

            “Eis que faço novas todas as coisa!”

            O outono é o tempo de plantar as sementes; o inverno é o tempo de germinação e da formação das raízes; a primavera é o florescimento dessas novas sementes, que trazem nova aspiração de vida para a colheita do verão.

            Significa, abertura do véu entre o plano físico e o espiritual, para que se inaugure a ressurreição em nossa vida.

            É a estação da criação, é o impulso para elevar nossa vida a um plano superior, como uma semente que brota da terra, erguendo-se no ar.

            Os mitos sobre a ressurreição, associados com a primavera, são muitos. Esse é o tempo para o fogo do que é novo. O fogo é um elemento que consome e modifica, ele tanto pode destruir como criar.

            É fusão alquímica e mágica da água com o fogo. As águas vivas dentro de nós (energias femininas) adquirem um novo brilho (o fogo das energias masculinas), para que possamos expressá-las mais plenamente.

            Devemos iniciar uma nova ordem na nossa vida; queimar o velho (escória), para que novas sementes possam brotar e adquirir nova expressão; criar novos padrões de energia para acelerar a iniciação; retirar do caminho as pedras da limitação pessoal e dos sentidos; entender o processo dinâmico da cura; afirmar a Vontade sobre a personalidade; e equilibrar as polaridades; elevar-se acima do Eu Inferior, dando plena expressão à verdadeira energia Crística. Comunhão plena e verdadeira com a hierarquia Angélica.

            Rafael é o Anjo da correção, da beleza, da cura e da vida. É o anjo da ciência e do conhecimento. Preceptor de Isaac.

 

MEDITAÇÃO DO ARCANJO RAFAEL

 À medida que você começa a relaxar, a consciência do lugar onde você está desaparece. Um manto de escuridão cerca você e o faz sentir-se estranhamente seguro. Quando você observa a escuridão, ela começa e se dissipar. Você percebe que está no centro de uma pequena montanha por onde corre um rio tranquilo. Suas águas são escuras e profundas. O céu acima está repleto de nuvens rodopiantes de cor cinza escuro. As árvores e arbustos são nus e cinzentos. Do outro lado do rio, há um templo antigo em ruínas. Anoitece, e o Sol se põe atrás de você, levando consigo a derradeira claridade do dia.

Você está em pé num caminho que chega até o rio escuro. Há pessoas em fila de ambos os lados do rio, usando pintura e vestidas de luto. Você anda silenciosamente entre elas, sem saber como reagir à sua tristeza e também sem saber o que fazer.

Na margem do rio há um pequeno batelão e, sobre ele, um altar coberto de preto. Parece um sarcófago aberto, e esse pensamento não faz você se sentir bem. Perto do caminho, uma pessoa alta, vestida de preto, está em pé. Em seu peito há um símbolo: um cálice dourado, sobre um fundo de cor azul. No batelão, perto do sarcófago aberto, há três figuras encapuçadas caladas e rígidas. Você sobe no batelão, buscando ver no rosto velado , dessas personagens alguma indicação dos eventos que se seguirão. Silenciosamente, elas ajudam você a se deitar sobre o altar e envolvem você,  até o queixo, num pano negro de seda. No pano há o bordado de uma fênix   gigante erguendo-se do fogo e das cinzas.

 O batelão se afasta da margem, e a um aceno do guia com o emblema  do cálice uma das outras três pessoas tira de dentro do manto uma rosa  branca, enquanto a segunda faz surgir uma grande espada. A espada toca  a rosa, e ela se colore de um vermelho intenso. Então a rosa é mergulhada  na água ao lado do batelão. A água se incendeia, todo o rio fica em chamas.

As chamas cercam o batelão, água e fogo juntos, um não extinguindo  o outro. Quando os seus guias se certificam de que você está plenamente  consciente do fogo, o pano negro é puxado para cima e dobrado sobre a  sua cabeça  .

De novo a escuridão. Você está só. Não deve ver nem ouvir nada.  Você sabe que o fogo está queimando a água, mas não sabe que efeito terá sobre o batelão. Será que o fogo irá consumir o batelão? Será que irá consumir você? Você faz força para respirar profundamente e relaxar. De algum modo você sabe que pode dar novo rumo aos acontecimentos, se quiser, mas também sabe que em alguma ocasião essa viagem terá de ser  feita. Como sempre, a escolha é sua. 

 Você ouve as palavras em sua mente: "Seja feita a Tua vontade," e toma a decisão. Tudo está em silêncio. Você fica a sós com os próprios  pensamentos  sobre a santidade da sua vida. A sua mente começa a observar o passado, os acontecimentos da sua vida. Você revê todas as pessoas e fatos com que deparou. Todas as mudanças pelas quais passou flutuam diante dos seus olhos, mostrando-lhe como veio a tomar-se quem é agora. Você vê as pessoas a quem feriu e vê as que o feriram. Vê e sente o amor que deu e o amor que perdeu. Você vê sua vida entrelaçada com a vida de tantas pessoas, cada uma acrescentando algo à essência de criatividade que você é agora!

Você se lembra de todas as tarefas inacabadas e tudo o que prometeu que faria. Vê todas as ilusões da vida com que deparou e todas as bênçãos que recebeu. Lembra-se das aptidões que demonstrou ter no passado e às quais pode dar nascimento mais uma vez. Vê os sonhos, as esperanças e os desejos que ainda tem de realizar, enquanto surge em você a compreensão de que as oportunidades para realizá-los nunca passam. Elas sempre estão à mão!

Quando o batelão toca na areia da praia, ele dá um pequeno solavanco. Você curva as costas, sentindo a rigidez dos músculos. Percebe que se passou bastante tempo. Devagar, você tira o pano negro do rosto. As águas do rio não estão mais ardendo. É a hora que antecede a aurora; o Sol ainda não nasceu. E os seus guias foram embora.

Você percebe que está na margem, bem longe do lugar onde começou a viagem. No lado do morro você pode enxergar a silhueta de um antigo templo. Você se levanta do altar e pula do batelão para o chão.

Você sobe a montanha rumo ao templo distante. Ao chegar lá em cima, você vê o templo magnífico, em sua glória luminosa. Ele não está mais em ruínas. As duas árvores que ladeiam a porta principal estão repletas de folhas verdes e você olha ao redor. Toda a terra está verdejante outra vez. As árvores e arbustos estão repletos de nova vitalidade.

 

Nesse momento, os primeiros raios do Sol surgem no horizonte, no Leste. Com isso, a porta do templo se escancara, convidando-o a entrar. Ao pé no altar central estão os seus quatro guias, mas eles não estão mais vestidos de preto. Sua cor é a dos grandes seres de luz; afinal, os seus guias são os arcanjos das estações: Miguel, com a espada flamejante, Gabriel com a rosa branca, Auriel em branco luminoso e Rafael no centro, segurando bem acima da cabeça o Grande Cálice da Vida.

O templo é inundado com a música da harmonia e da vida. Todos os que estavam de luto agora estão vestidos com as cores do arco-íris e, à medida que cantam, o Sol vai surgindo do horizonte. Sua luz enche o templo, trazendo novo fogo e vida para todos. Ele toca e enche o Santo Graal, irradiando e reflectindo sobre a Terra.

Você olha para trás, para o rio, e vê a luz dourada do Sol reflectindo-se nas águas e enchendo-as de nova radiação e de um fogo de luz, não de chamas. Quando você se vira oura vez para o altar, Rafael se volta na sua direcção, segurando no alto o Cálice Dourado. Ele levanta os olhos para os céus e a luz jorra sobre você. A luz entra em você em espirais, atravessando o seu corpo e você é renovado. Você toma a nascer. Sua aura se incendeia com novo brilho e você pode vê-la em toda sua verdadeira glória. Ela é inspirada por uma cruz de luz radiante que brilha jorrando sobre você como uma grande estrela no céu, uma estrela que iluminará toda a sua vida.

Você fecha os olhos cheio de gratidão e ora, elevando os pensamentos e o coração para o divino por meio da canção do Templo Interior. Quando você abre os olhos, o templo desaparece, mas você ainda guarda dentro de si a sua imagem viva. Suas energias aumentarão como o Sol que se levanta e sua vida se mesclará aos fogos criadores de Cristo.

 

 

 

 

 

 

 MEDITAÇÃO DO EQUINÓCIO DE OUTONO

Significa purificação e transmutação do Eu Inferior.
A alma, de consciência inferior passa por um tempo de prova. Para alguns, pode trazer a “ prova de Abraão, a disposição para desistir daquilo que lhe é mais sagrado.
Foi Miguel quem amparou Jesus no Getsêmani, ajudando-o na transmutação das “correntes de ódio e de desespero” da Terra, em “correntes de amor e de cura”.
Miguel é o companheiro Iniciado de todo aluno dos Mistérios, tais como, do Santo Graal. Miguel é “ o matador de dragões” ( Eu Inferior). Encontra os habitantes do limiar e empurra o “dragão” para as profundezas do inferno. Os “dragões” não devem ser mortos, mas sim controlados e transmutados.
Guardião do ponto cardeal Sul da Terra, e do elemento fogo. Guardião e portador da Espada Flamejante, Miguel é associado ao planeta Saturno.
Ele foi um dos quatro arcanjos que manteve a guarda de honra ao redor da manjedoura no nascimento de Jesus.
Também conhecido por, “ A FACE DE JEOVAH!
MEDITAÇÃO DO ARCANJO MIGUEL
Esta meditação pode ser muito eficaz se for feita ao ar livre na hora do crepúsculo.
As imagens são um poderoso instrumento para invocar as energias arquetípicas dos Mistérios de Cristo, à medida que se manifestam ao longo do outono. Relaxe e sinta que você está subindo lenta e suavemente rumo aos céus. As estrelas brilhantes enchem a noite de centelhas diamantinas. Ao longe, está uma estrela que se destaca das demais. Ela cintila com tal brilho que ofusca as demais e derrama torrentes de luz sobre a Terra.
À medida que flutua suavemente pelos céus, seus olhos acompanham o caminho da luz dessa grande estrela, que segue até a Terra. No alto de uma elevada montanha, com vista para a Terra, há um templo. A luz da estrela delineia as quatro colunas que separam o interior do templo do exterior. Da altura em que você está, ele parece ter a forma de uma cruz, com cada coluna representando um dos quatro pontos cardeais.
Você começa a sentir que está descendo suavemente, até pousar sobre a grama macia que cerca esse grande templo. Você está diante das suas portas. O pórtico é adornado com uma grande espada flamejante. Ao entrar pela porta, a espada começa a brilhar ainda mais e um som enche o ar nocturno, fazendo a terra e você tremerem.
Você dá um passo para trás e, nesse momento, a terra em cada lado da porta se abre e brotam duas árvores imensas. Seu tronco e seus galhos se estendem em todas as direcções, enrodilhando-se e curvando-se, até que a porta do templo mal pode ser vista e se torna praticamente intransponível. As árvores crescem para todos os lados, sem uma forma definida. Elas se entrelaçam, se juntam, formando nós, impedindo um crescimento maior. Elas cresceram selvagemente e uma está começando a impedir o crescimento da outra.
O ruído diminui e volta o silêncio. Você está diante da porta bloqueada do templo, inseguro quanto ao que fazer. Do meio do silêncio vem a resposta. Uma luz suave começa a se formar entre você e as árvores. A luz, de um tom rosa delicado, se transforma numa gigantesca coluna de luz que se estende da terra até o céu. Uma lufada de vento passa por você, a luz vai ficando mais fraca, vai diminuindo e lá está, diante de você, um belo ser de grande força e luminosidade.
Seu olhar é penetrante como o aço. Vestido em trajes da cor das folhas de outono, em tons avermelhados, ele prende a sua atenção. Em sua mão está uma espada que é mais luz do que matéria. Envolvido pela energia da essência desse ser, você não tem outra saída senão sentir a sua força. Você admira como ele é capaz de controlar essa força. Ele sorri, como se estivesse lendo os seus pensamentos.
Ele faz um gesto com a mão e aos pés dele se abre um grande buraco na terra. Através desse buraco, você pode ver as profundezas da terra e mais além. Bem lá no fundo há um poderoso e magnífico dragão vermelho e dourado. A cada sopro, ele exala luz e energia de força primitiva, em direcção a toda a vida que existe na Terra.
Miguel ergue a Espada Flamejante acima dessa energia primitiva e ela se levanta, se suaviza e o cerca. Ela passa por ele, abençoando a todos com sua força e amor.
"Todos nós temos de enfrentar os nossos dragões. Cada um de nós tem de enfrentar aquilo de que tem mais medo. Quando aprendemos a transmutar nossos dragões, deixamos que a luz e o amor nasçam dentro de nós. Quando aprendemos a brandir, em cada aspecto da nossa vida, a Espada Flamejante da Lei Espiritual e do Discernimento, controlamos os dragões em vez de sermos controlados por eles."
Ele agita sua mão outra vez sobre seus pés, e a imagem desaparece. Você olha para ele, captando a força de suas palavras gentis. Ele dá um passo em direcção às portas do templo.
"Diante de todos estão as árvores da Vida e do Conhecimento. Antes que alguém entre no templo interior, as árvores têm de ser podadas e aparadas. Assim como o arbusto é podado no outono para que cresça mais verde e fértil na primavera, a vida de vocês também tem de ser desbastada. Olhe para essas árvores e veja nesse emaranhado confuso o que tem de ser podado e extirpado da sua vida para que ela seja mais frutífera."
Você olha para as árvores de ramos entrelaçados e emaranhados. Vê as pessoas e as situações, os hábitos, comportamentos e atitudes, e reconhece o que está bloqueando o seu crescimento. Ao olhar para as duas árvores, você vê tudo o que precisa fazer para desembaraçar a sua vida. Você vê a si mesmo podando e desemaranhando a árvore, um galho por vez. A tarefa parece enorme, quase impossível.
"Nunca somos confrontados com mais do que podemos lidar." Essas palavras gentis tiram você do devaneio, enchendo-o de coragem.
"Agora, olhe outra vez." Você toma a olhar para as árvores. Elas não estão mais entrelaçadas nem cheias de nós. Então erectas, cheias de folhas verdes. Suas flores anunciam os frutos que virão no futuro. As portas para o Templo Interior não estão mais obstruídas. Lentamente, elas começam a se abrir, enquanto uma luz dourada e um coro de canções envolve você.
Lá dentro, você vê um altar sobre o qual está uma cruz de braços iguais. No centro da cruz há uma grande rosa branca. Uma luz brilha do alto, fazendo você lembrar da estrela cujo raio de luz o transportou a este templo. Diante do altar está um magnífico ser feito de raios de luz azuis e dourados. Ele se volta para você silenciosamente, consciente da sua presença. Lentamente, ele ergue um Cálice Dourado, o Graal da Vida , para os céus, numa prece silenciosa.
A porta se fecha devagar, deixando você unicamente com a alegria da lembrança que se gravou no seu coração. Miguel está diante de você; seu olhar é temo e amoroso.
"Com energia, todos nós temos de nos preparar para podermos entrar nos templos interiores dos mistérios do Divino. Houve uma época em que cada pessoa tinha de fazer isso por si, a sós, mas esse tempo se foi. Hoje há muitas fontes que ensinam e dão orientações àqueles que apenas querem abrir seu coração."
Miguel ergue a espada flamejante e, suavemente, toca o seu peito com a ponta. Ele fecha os olhos e diz uma palavra estranha, embora familiar . Você sente o coração queimar com a luz da Espada Flamejante. Você olha para o peito e vê dentro dele o seu coração concentrar a própria Espada Flamejante da Verdade.
"Quando você tocar o coração e imaginar a Espada Flamejante dentro dele, eu virei. Pois, à medida que você desperta para o Cristo interior e aprende a expressá-lo, você se toma um Filho ou uma Filha da Espada Flamejante."
A espada de Miguel fica mais radiante, envolvendo você com sua luz para em seguida esmaecer. Nesse momento, você se vê sozinho do lado de fora do Templo; contudo, ainda sente o calor da Espada Flamejante vivo dentro do seu coração. Você olha para o céu e vê aquela estrela que o levou para esse momento. Quando olha para ela, você se sente flutuar mais uma vez, suavemente, para o céu. E leva consigo a sua experiência, a lembrança e a energia da invocação da purificação e da preparação que o leva aos Mistérios do Templo Interior.
Extraído do livro- O Cristo Oculto
Ted Andrews

segunda-feira, 12 de junho de 2023

 AMOR COMPAIXÃO

Só quero fazer o bem

E, que não me impeça ninguém

Só quero fazer o bem

Não importa a quem

E, que não me impeça ninguém

Amanhã  ao despertar

Bem depressa me levanto

Para auxiliar quem tanto precisa

Para socorrer os necessitados, 

Carentes de amor e de afagos

Amar, afagar

Fazer o bem.

Arregaçar as mangas da camisa e agir

Porque na ação está a melhor opção.

E como só quero ajudar

Só quero fazer o bem, não importando a quem

Vou me colocando à disposição.

E, com certeza, oportunidades não faltarão

A tarefa logo vem.

Quando o desejo é forte

A natureza agradece

E a alma floresce

Quando alguém aparece.

Muitas pessoas precisam de mãos que afagam,  que acalentam.

Então, o trabalho de servir começa,

E a vida agradece,

Tudo se transforma

E, o amor acontece.

A luz brilha

O planeta muda.

As pessoas crescem. 

Então amanhece

E o novo dia acontece.  Resplandece

Enaltecendo  o ser humano.

O novo homem surge no horizonte

Ainda um pouco distante, mas vem

Vem vestido de sol cintilante

Muito mais brilhante

Que uma lua cheia.

Agora percebeu.  

Aprendeu que fazer o bem

Sem nem mesmo olhar a quem

É inebriante. Divino. 

É a manifestação na terra

Das obras do criador,

Que abençoa todos os seres

Que vieram para amar sem condições. 

Vera Occhiucci -  janeiro 2023


 

Inocência

 

No escurinho do cinema....

Lembranças antigas

Saudades de um tempo

Memórias insistem em voltar

Poesia....romance....

Pura magia.

Domingo era dia de cinema

Encontros e desencontros

Emoções disfarçadas

Um olhar, um aperto de mão

Rubor e coração batendo forte

Olhos semicerrados

Com medo de acordar

O lanterninha, não descansava

Subia e descia a rampa

Nos intimidava

Como se estivéssemos fazendo algo de muito grave

Mas, mesmo assim, arriscávamos dar uma beijoca rápida

Quanta audácia, e quanta inocência

O rubor nos cobria as faces

Será que alguém viu?

Mea culpa, minha máxima culpa

Juventude inocente

Andávamos em turma, com irmãs “segurando vela”

Muita gozação...

Era demais...

Quanta cumplicidade

Namoro a três ou mais....

Nenhuma intimidade.

Ficávamos pior que estragado

Tudo era motivo de gozação...

Mas, confesso, era muito bom.

 

Vera Occhiucci – outubro 2022

 

NEGRITUDE

 

Buraco negro, buraco sem fim

Necessidades não saciadas

Que perturbam, e avassalam

Sai de baixo

Porque senão ele te engole

Traça e ensaca

E como uma onda

Sonda, arrasta e mata

Aquele que está desprevenido

Buraco negro

Buraco sem fim

Pessoa desprovida de energia vital

Sugada,

Desequilibrada no seu emocional, também no mental.

 sugam, vampirizam a nossa energia

Tanto dos encarnados quanto a dos desencarnados.

Sugam mesmo

Tudo e a todos que encontram no caminho

Viciados...sofredores...

Melancólicos...vitimizados...

Que se cuidem os espertos

Que se protejam os santos

E, que sejam benzidos com ramos de arruda

E com rezas das rezadeiras

Que sejam livres os bebês

Os puros de coração, e os simplórios da vida

Porque o buraco negro rouba, vampiriza nossas energias

Sobrevivem, vivem da nossa ignorância

Que a corrente do bem nos envolva e nos proteja com seus raios violeta

Interpenetrando o campo áurico, limpando, expulsando

Preenchendo com amor

Todos à nossa volta

Rodopia... Luz azul...

Rodopia, luz violeta...

Perfuma com aromas silvestres

Muda as vibrações negativas

 nos defenda, recupere, cure

Aprenda no mar, nas matas, nas cachoeiras

Sobre energização

Leia bons livros, converse com as plantas, com os pássaros

Converse com pessoas sensatas e equilibradas

Boas conversas, boas músicas

Emita luz.  Receba luz. Seja o sol da vida das pessoas

Rei. Rainha, no seu lar

Na família, na comunidade.

Vá ser feliz enquanto pode

Exalte a luz do eu sou

Deixa que transpareça o diamante lapidado

Esmerilhado ao longo das encarnações

Agora é jóia preciosa

Lótus de mil pétalas no reino celestial

Já desabrochou no alto da sua cabeça

 o arco-íris.  A auréola dos santos

Para sempre. Agora és o hierofante.

‘om mane padme hum!”

 

Vera Occhiucci     -    janeiro 2023

 

 

O MEU OLHAR NO TEU OLHAR

 

Quando olho pra você

Adivinho a sua idade.

Sinto nos ombros o peso e a tristeza da sua caminhada.

Dificilmente o vejo sorrindo

Sempre pensativo e perdido nas lembranças

De um passado.

Sofrido? Machucado? Cansado?

Vejo que mal quer abrir os olhos

Está perdido em pensamentos tumultuados

Tantas lembranças!

Vejo apenas sofrimento e falta de tesão para viver

Pernas cansadas que se arrastam pesadamente

Nem sabem para onde

Caminha, tropeça...

Sempre nas mesmas lembranças de vidas e de mortes.

Fragilizado, chora por dentro amargamente

Quer compreender, mas não consegue

Quer encontrar soluções, mas não tem soluções.

A vida, é enigma que não se consegue decifrar

Observo os tantos sonhos... Os tropeços esquecidos no tempo

Como seria bom vê-lo sorrindo, mais leve, descontraido.

Saiba que a vida não é fardo pesado para ninguém

Que não precisa carregá-la sobre os ombros.

A vida é feita de experiências vívidas,

Sentidas ou não nas ações de cada dia,

Nem que seja somente na imaginação.

Mas, quando olho prá voce

Vejo ali cem anos

Nesses seus olhos opacos, sem brilho e quase já sem vida.

O que lhe falta?

Objetivos? Sonhos?

Não existe mais esperança?

Só consigo ver ali conflitos e medos.

E, quando olho prá você,

Não consigo penetrá-lo com meu olhar

Existe uma barreira imensa.

Muitos pensamentos. Muitos argumentos.

Tantas interrogações...

E, quando falo, nem me escuta, pois já está pensando no que vai responder.

Está na ponta da língua. Sai como bala de revólver.

Quando olho prá você durante as refeições

Percebo um homem de negócios

Aquele que mal tem tempo de saborear o que come.

Sempre na conversa, nas questões urgentes da imprensa.

Prá você, são assuntos urgentes, que não podem esperar.

O tempo voa e a vida passa tão depressa.

E, ainda olho prá você

Mas com saudades....

De um amor ardente e apaixonado.

Ainda hoje, um tanto descrente,

Busco você no antigamente.

Continuamos valsando por entre as estrelas...

Saudades.... Carência....

De beijos, dos nossos corpos unidos,

Das energias comungando, e completando-se alquimicamente.

Dançávamos, mesmo ao soprar das turbulências.

Pegávamos fogo e nos queimávamos no rítmo das paixões.

Que pena!

Passou tão depressa.

Acho que é hora de acordar.

Mas, ainda assim, quando olho nos seus olhos,

Vejo a falta que você me faz.

Falta do amor... Falta do tesão... Enfim... Falta de tudo.

Parece mesmo que a vida passou depressa demais.

 

Vera Occhiucci  -  agosto 2022

 

OUTRAS VIDAS e OUTRAS REALIDADES

 

Estou bem aqui... Estou no meu corpo físico...

Uma performance, mas também um templo finito, temporário e fugaz.

Mas também estou no Cosmos, completamente expandido, diluído, em pura consciência.

Um invólucro mais sutil, leve, expandindo à procura de outros “eus”, de outras identidades, de outras experiências.

Me perco num tempo, me absorvem imagens de vidas passadas.

Amplio um quadro, aparece um deserto, estou observando as suas areias brancas. Grande solidão, no centro da visão um cavalo caído esmagando um homem.

Um triste quadro de alguém que deixou um corpo ali à mercê da decomposição, tendo por testemunha o céu e o seu amigo de aventuras.

Amplio o olhar, a minha alma livre das amarras do peso da matéria agora observa uma pequena jovem vestida de azul, avental e touca brancas, e que, em meio a uma multidão, caminha em direção à fogueira. Parece ser na França, período da Inquisição.

Entregue aos loucos, aos desvairados, num grande circo de sombras, queimo na fogueira. “Que frio...” “Que frio...”, era o que sentia enquanto queimava viva sob os olhares aterrorizados, esganiçados de pessoas à espreita de emoções. Um show, criaturas sombrias num circo para dementes.

Deixo aquele corpo, uma consciência em forma de uma bola de luz logo acima da cabeça.

Noite escura da alma. Tenebrosa, com homens à espreita de mais um show realizado em nome de Deus.

Blasfêmia!!!!

Acabou. E, mais uma vez, retorno à casa verdadeira, numa dimensão de puro amor.

Porém, por necessidade, ainda uma vez retorno à carne.

Parece Jerusalém, sou uma jovem simples e ingênua, vestida com roupas de algodão cru, cabelos trançados até à cintura.

Parece ser um grande acontecimento, Pessoas correm pela rua estreita, alvoroçadas, perseguidas por romanos, e lá estou eu também. Desespero, salve-se quem puder, acabaram de crucificar o nosso Mestre. E agora? Sinto que uma lança me atingiu do lado direito do corpo. Apaguei.

Um novo amanhecer no planeta Terra. Vou agora desencarnar amarrado a uma cruz. Um jovem de cabelos escuros caídos até aos ombros, cheio de ódio e amargurado. Soltei o corpo físico cheio de ódio e gritando por vingança quando senti o meu ombro esquerdo deslocando-se do resto do corpo, e uma vontade grande de urinar.

Foi assim que parti novamente para a Pátria espiritual, e depois de um bom tempo volto a encarnar. Parece que aquela agressividade me mandou para um país distante, a Rússia dos czares, mas agora, no momento da Grande Guerra. Sou Yuri, muito jovem e imaturo, estou na trincheira junto com um amigo, quando uma granada nos atingiu em cheio. Tudo desaparece, não há mais nenhum referencial, explodidos como balões, voamos pelos ares. Silêncio absoluto. Nada restou, além de um grande vazio.

Muitas lágrimas na recordação, uma percepção de como a vida nesse planeta se acaba num piscar de olhos...

Decepção... sem lenço e sem documento... lá vou eu de novo.

Quanta insistência...

Atualmente me encontro resgatando algumas coisas, e tentando entender os mistérios da vida, reformulando crenças limitantes, obsoletas, numa árdua jornada de autoconhecimento à procura da minha verdade, pois diz o ditado, que só a verdade nos libertará.

Então, quem sou, o que sou, como faço parte deste mecanismo gigantesco que é o Cosmos, maior do que alcança minha vã filosofia, tento ir além dos véus do esquecimento, compreendendo que existe muito mais.

E como está escrito na Grande Esfinge Egípcia, “Decifra-me ou te devoro”.

Vera Occhiucci Julho 2022

 

SONHOS OU PESADELOS?

 

Perdi o sono

Ou o sono me perdeu?

Onde devo procurá-lo?

Será que no lugar onde judas perdeu suas botas?

É muito longe?

Não sei, talvez pra lá de Bagdá.

Será que encontro?

Será que vale à pena procurar?

Mas, com sono ou sem sono, o melhor mesmo é caminhar

Quem sabe, ainda o encontro.

Cedo ou tarde, ele aparece

E então, sei que vai estar na hora de acordar.

Mas, e agora?

Agora já vai tarde

Vou ficar na cama mais um pouco

Tentar recuperar o sono perdido.

Pensei que descansava,

Mas acordo mais cansada

Sonhos...sonhos...

Será que foram sonhos, ou pesadelos?

Sei lá...

Só sei que agora quero lembrar

Quero interpretar

Quero analisar,

Mas, primeiro, preciso recordar

Se foi sonho bom ou sonho ruim

Percebo que este lado inconsciente não descansa

Faz de tudo para trazer cá fora

Conteúdos estranhos, impressões diárias

Ou julgamento final?

Parece que faz a separação do joio e do trigo

Estou colhendo o que plantei

 as ações e reações de longo tempo

Começam a germinar, e parece que a colheita é certa

Sinto que a semente caiu no terreno preparado e fértil.

Logo veremos.

Sonhos ou pesadelos!!

Percebo que quando sonho acordada, vou criando a minha realidade como quero

Posso usar de criatividade e visualização para obter realidades

Desejo e vontade gerando energia e movimento

São suficientes para plasmar ideias

Para materializá-las através de ações

Nesta realidade

Sonho ou pesadelo?

Depende

Prefere sonhar acordado, ou ter pesadelos dormindo?

Quem é você?

Uma máquina ou um robô?

Um ser humano consciente?

Levamos a vida, ou a vida nos leva?

Nadamos a favor ou contra a corrente?

Deslizamos ou nos debatemos nas águas das paixões?

Interessante!

 

Vera Occhiucci  -  janeiro 2023

 

 

Os Operários

 

 

A abelha fazendo mel

A senhora amassando o pão

Trabalha. Trabalha.

O mundo gira, a formiga corta folhas

O beija-flor beija as flores,

Poliniza e cumpre o seu papel na criação

Trabalha. Trabalha.

A borboleta enfeita o céu, depois da grande transformação.

A mariposa procura por luz,

A ostra produz pérola, depois de tanto se espremer e sofrer,

O homem prepara a terra para produzir alimentos.

Trabalha. Trabalha.

Expande e contrai.

Dorme, acorda e vai.

Ela arruma a cama, varre o chão, recolhe o lixo da geração.

Comanda o dia, e demanda a ação,

Vai para a cozinha, prepara as panelas e cozinha a ração do dia.

Trabalha. Trabalha.

O mundo não para, e não é permitido descer.

Cansada? Descansa.

Cochila e cai de lado.

Encontra o céu, mas divaga desdobrada na terra.

Balança nas ondas

E vai.... e vai....

Acorda cansada da peleia da noite.

Levanta, trabalha,

 

 

Que o mundo não para.

A roupa está suja, precisa de ser lavada,

E, enquanto esfrega, desabafa nas mãos calejadas,

As dores da alma.

E o cansaço nas articulações doridas,

e a tristeza no coração.

Lágrimas escorrem,

As águas que enxaguam a sujeira das roupas misturadas com o seu suor,

Escoam pelos ralos

Descem pelos esgotos

Correm para os ribeiros, e desaguam no mar.

E, enquanto trabalha, porque o mundo não para,

As cigarras cantam e o mundo encantam.

As dores nas juntas

O cansaço da vida

No corpo estala, a coluna desvia,

Enquanto o peso se acumula no lombo da “besta”,

carrega o fardo da humanidade vazia

Carente de sonhos

Cansada da vida

Com medo da morte

Procurando encontrar, se tiver sorte

O Deus invisível, onipotente e onisciente

Que possa salvá-la desse tormento

Das portas do purgatório

Arrebatá-la desse lugar escuro

E, enquanto espera...

 

Trabalha. Trabalha.

Não pense...não chore...

Esfrega aquela roupa

Manchada de nódoas de sangue

Enxágua, torce, retorce

Carrega, pendura,

O varal está cheio, mas a cabeça está vazia.

A barriga ronca. A garganta está seca,

O corpo transpira e o suor escorre,

Pelas faces, e pelo corpo todo

Chora, lamenta,

E deseja ardentemente que as horas passem.

O corpo cansado pede repouso.

Por um tempo, por uns dias,

Por um cochilo, um sono, um sonho.

Trabalha. Trabalha.

E enquanto descansa, trabalha

Cochila, descansa, trabalha,

Porque você sabe, o mundo não para,

Porque não existe comboio

E porque não pode descer

Nem tem onde descer.

 

Vera occhiucci

Agosto de 2022